'Naldinho do Mereto', 'Paulo Queixada' e 'Demir' formaram o 'Trio Ternura' nos anos de 1980
'Naldinho do Mereto', 'Paulo Queixada' e 'Demir' formaram o 'Trio Ternura' nos anos de 1980
A presa que agrediu Josenilde Lopes – a mãe que confessou ter espancado e matado o próprio filho, um bebê de oito meses, fato ocorrido durante o carnaval, em Natal, – foi identificada pela direção do CDP Feminino de Parnamirim como sendo filha de um dos criminosos mais emblemáticos do Rio Grande do Norte: “Ela é filha de Demir”, disse a diretora Hindiane Saiures de Medeiros, se referindo a Vlademir Alex Mendes de Oliveira, condenado por vários assassinatos no estado durante os anos de 1980. Naquela época, juntamente com ‘Naldinho do Mereto’ e ‘Paulo Queixada’, o grupo recebeu da crônica policial o título de ‘Trio Ternura’. Segundo a diretora, a presa chama-se Wiara Mendes de Oliveira, de aproximadamente 30 anos. Wiara agrediu Josenilde com um cordão de metal quando as duas haviam acabado de chegar à unidade. Josenilde foi presa nesta quarta-feira (20), depois de confessar ter matado o próprio filho. Já Wiara, foi detida por furto. “Ela rouba para sustentar o vício. É viciada. Esta é a terceira vez que ela é presa”, disse a diretora.
‘Naldinho do Mereto’, ‘Paulo Queixada’ e ‘Demir’ formaram o ‘Trio Ternura’ nos anos de 1980
Segundo a polícia, apesar do pacto firmado pelo Trio Ternura, Demir acabou traindo a confiança dos amigos. Dentro do antigo presídio João Chaves, que na ápoca era chamado de ‘Caldeirão do Diabo’, Demir matou a facadas os dois amigos. Pouco tempo depois, o próprio Demir viria a ser assassinado dentro da cadeia. O delegado aposentado Maurílio Pinto de Medeiros, que na época ocupava o cargo de Coordenador Geral de Polícia, o equivalente hoje à função de Delegado Geral da Polícia Civil, lembra da história.
“Eles eram a nata da bandidagem, três amigos tão ligados que só a morte os separou”, disse o delegado.
Maurílio Pinto contou ao G1 que Paulo Queixada (Paulo Nicácio da Silva) ganhou notoriedade após matar um médico e uma enfermeira, crime ocorrido no estacionamento da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, colocando fogo nos corpos. “Ele foi o maior matador da João Chaves. Dentro da prisão, matou mais de dez presos”, acrescentou.
Ainda de acordo com o delegado, Paulo Queixada foi assassinado por Demir porque, segundo relatos da ápoca, ele havia se queixado de fortes dores no fígado. Achando que Paulo o estava ironizando – pois anos antes Paulo havia levado uma facada na barriga do próprio Demir –, ele resolveu eliminá-lo. “Demir arrancou as tripas dele. Eu lembro que ele disse que era pra facilitar o trabalho do Itep”, disse Maurílio.
Ivanaldo Félix da Silva, o Naldinho do Mereto, também foi assassinado por Demir. O delegado disse que Naldinho era “um amigo fiel e irmão camarada” de Paulo Queixada. Na prisão, Naldinho também foi responsável por várias mortes. “Ele arrancava os olhos das vítimas para ter certeza de que não seria reconhecido nem no inferno”, frisou o delegado.
Já Demir, ainda segundo Maurílio, também matou vários colegas de cela. “Quando matou Paulo Queixada, ele se tornou o mais temido da prisão. O crime teve a maior repercussão da história da João Chaves. Os policiais pensavam que Queixada tinha fugido, mas descobriram que ele estava morto, esquartejado e enterrado dentro da cela, embaixo da rede de Demir”.
Por fim, o delegado recordou que quem matou Demir foi um preso novato apelidado de ‘Chocolate’, que anos depois também acabou assassinado dentro do ‘Caldeirão do Diabo.
Fonte: G1